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HPV: eficácia da vacina

O cuidado com a saúde da mulher

A eficácia da vacina contra o HPV tem sido mundialmente comprovada. De acordo com estudos internacionais, as taxas de infecção oral pelo vírus caíram entre 70% e 80% em países onde é aplicada há mais tempo, como Estados Unidos, Suécia, Canadá e Dinamarca. Na Austrália, que tem uma das maiores coberturas vacinais, os dados apontam que a prevalência entre mulheres de 18 a 24 anos teve redução de 22,7% em 2005 para 1,1%, em 2015. E por que isso é tão significativo?
 
O Papilomavírus Humano, cuja sigla em inglês é HPV, é um vírus que atinge pele ou mucosas (oral, genital ou anal) e infecta mulheres e também homens, provocando verrugas e lesões. De todos os agentes de transmissão sexual, é o mais prevalente. Em 2008, o médico e cientista alemão Harald zur Hausen foi agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, por uma grande descoberta em favor da vida.
 
Após mais de uma década de pesquisas e intenso trabalho, ele conseguiu provar a associação entre o HPV e o câncer de colo do útero, o terceiro mais frequente na população feminina, identificando também, entre as variantes do vírus, as que são mais prejudiciais, o que proporcionou o aperfeiçoamento das estratégias de prevenção contra a doença, entre elas a vacina. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 70% dos casos desse tipo de câncer, também chamado de cervical, estão relacionados com o HPV, que está associado, ainda, a outros, como os de boca, faringe e vulva.
 
No Brasil, a vacina quadrivalente, que protege contra o HPV de baixo risco (tipos 6 e 11, que causam 90% das verrugas genitais) e o de alto risco (tipos 16 e 18, relacionados ao câncer cervical), foi adotada pelo Ministério da Saúde em 2014, inicialmente para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, a imunização foi estendida para 14 anos e incluiu meninos de 11 a 14 anos. São duas doses, que devem ser tomadas com intervalo de seis meses. Ainda fazem parte dos grupos que devem receber a vacina as pessoas com HIV ou que passaram por transplante de órgãos sólidos (fígado, rins, pâncreas, coração, pulmão, intestino), de medula óssea e pacientes oncológicos de 9 a 26 anos. A partir dos 15 anos, são três doses.
 
Segundo o Dr. Newton Sérgio de Carvalho, professor titular da Área de Ginecologia da Universidade Federal do Paraná e coordenador do Programa de Pós-graduação em Tocoginecologia e Saúde da Mulher, quando a vacina foi investigada, definiuse que seriam três doses, mas os adolescentes, que têm uma reação imune mais efetiva, poderiam tomar somente duas. Para a definição do público-alvo a ser vacinado, leva-se em conta o benefício dos grupos, e não o individual. E os jovens têm essa resposta imunológica mais eficaz. Mas, ele alerta para a necessidade de que se cumpra o intervalo estabelecido, que não pode ser inferior a seis meses, pois a segunda dose não funcionaria como um reforço.
 
O professor destaca também a importância da inclusão dos meninos na vacinação, por dois motivos: primeiro, tem-se um efeito “manada”, que é o herd effect, no qual até as pessoas que não foram vacinadas acabam adquirindo a proteção. Quando imuniza-se em grande quantidade, o vírus não consegue se espalhar e acaba infectando menos gente. E, segundo, porque existe o câncer de pênis, de ânus, da garganta, entre outros, protegendo igualmente os garotos.

Estudo epidemiológico

Em 2018, foi apresentado um estudo epidemiológico sobre a prevalência nacional de infecção pelo HPV, e seus diferentes tipos (existem mais de 150), denominado POP-Brasil. Elaborado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), o levantamento, inédito, mostrou que o predomínio do vírus na população feminina pesquisada foi de 54,6% e na masculina, 51,8%. O índice geral é maior na região Nordeste, com 58,09%. No Centro-Oeste, é de 56,46%; no Norte, 53,54%; no Sudeste, 49,92%, e no Sul, 49,68%. Foram 6.387 amostras válidas, coletadas entre 2016 e 2017, na faixa etária de 16 a 25 anos de idade.
 
Mais de 34 milhões de doses da vacina foram distribuídas até 2018, com cobertura para meninas, em quatro anos, de 79,4% na primeira dose e 52,9%, na segunda.
 
O Dr. Newton explica, entretanto, que, ao mesmo tempo em que o HPV é frequente, também muito comumente ele vai embora do organismo. “Cerca de 90% dos tipos do vírus são transitórios, ficam apenas um determinado tempo, desaparecendo espontaneamente. E esse período é de aproximadamente dois anos. Existem estatísticas que mostram que 70% a 80% da população sexualmente ativa têm ou já tiveram HPV”, informa, acrescentando que os casos associados ao câncer são aqueles nos quais o vírus, do tipo oncogênico, permanece.
 
Mas, ele esclarece que, para desenvolver o câncer de colo do útero, não basta o HPV. Além dele, são necessários outros fatores de risco, como alteração na imunidade e infecções que participam do processo, a exemplo da clamídia, outra DST (Doença Sexualmente Transmissível). “Quando uma pessoa está gripada, fica com febre, coriza e, independentemente do remédio, pela própria imunidade, uma ou duas semanas depois fica boa. Você não vê ninguém um ano inteiro gripado. Porém, algumas pessoas com gripe podem ter complicações, como uma pneumonia. Não é todo aquele que pegou gripe que terá esse quadro. A mesma coisa ocorre com o HPV, cujas complicações são as lesões pré-malignas ou malignas do colo do útero”, diz. Não são, portanto, todas as pessoas infectadas pelo vírus que desenvolvem a doença.

Outras formas de prevenção

Além da vacina, outra forma de prevenção, conforme o professor, é o uso de preservativo, que também protege contra as demais infecções de transmissão sexual. No entanto, ainda que o índice de proteção seja bastante alto, ele adverte que não é de 100%, pois o HPV pode se disseminar pela genitália. “No caso de uma lesão na bolsa escrotal, por exemplo, o preservativo não contempla e a parceira pode ser infectada”, diz.
 
O sexo seguro e a vacina são classificados como prevenção primária. Existe, ainda, a prevenção secundária do câncer do colo do útero, que é o exame Papa nicolaou, conhecido como preventivo, no qual são coletadas células da região, para a análise microscópica. Essa avaliação é realizada por um médico citopatologista. “Quando são detectadas células alteradas, tem que ser feito um outro exame, chamado colposcopia, para descobrir onde está a lesão. Um fragmento é retirado e encaminhado para biópsia, para se saber, do ponto de vista histológico, qual é o diagnóstico. Depois disso se estabelece a conduta”, acrescenta.
 
“As mulheres que têm dois exames anuais negativos podem repetir a cada três anos. A idade direcionada para fazer o preventivo é dos 25 aos 65 anos, que é a população feminina mais suscetível”, pontua o Dr. Newton, informando que em muitos países, como Espanha, Itália e Holanda, associa-se também o teste do HPV.
 
O que é importante saber, segundo ele, é que a prevenção se faz com preservativo, vacina e indo ao ginecologista para fazer o preventivo e o teste do HPV. “E o benefício das vacinas podem ser vistos em muitos países, principalmente na Austrália, o primeiro a iniciar a vacinação e onde hoje o HPV é praticamente um micro-organismo erradicado”, ratifica. Ele conclui com um positivo prognóstico: “Como erradicamos a poliomielite com a vacina Sabin aqui no Brasil, existe a possibilidade de erradicar também o HPV e, consequentemente, o câncer de colo do útero e todos os demais citados, porque sem o vírus não acontecem as doenças a ele associadas”.

Sempre é tempo para a imunização

É preciso se cuidar. E isso pode ser a qualquer tempo. Apesar das campanhas ocorrerem em março e setembro no país, a vacina contra o HPV permanece o ano inteiro disponível nas Unidades Básicas de Saúde do SUS. Aplicada em forma de injeção, ela funciona estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV, que são os elementos mais importantes dentro da imunidade. E, ao contrário do que muitos pensam, não provoca efeitos adversos. É de grande importância, portanto, conversar com os jovens sobre o HPV, antes do início da vida sexual, e levá-los para serem imunizados.
 
Com o objetivo de ampliar a cobertura vacinal, os órgãos governamentais vêm chamando a atenção no país para essa necessidade: a vacinação das crianças e adolescentes.
 
Atualmente, a vacina é exclusivamente profilática, mas o Dr. Newton de Carvalho, que também é membro da Comissão de Infecções em Ginecologia e Obstetrícia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), adianta que uma terapêutica já está em estudo.

Quando levar as meninas ao ginecologista?

“Habitualmente, minhas pacientes que têm filhas me perguntam quando devem levá-las ao ginecologista”, conta o Dr. Newton, que as orienta ser a puberdade a época indicada, antes da menarca. A menarca é a primeira menstruação, por volta dos 12 anos.
 
“Quando a mãe traz, nós abordamos três tópicos: sexualidade, explicando o que é a relação sexual, quando e como deve iniciar, os cuidados a serem tomados para prevenir uma série de doenças, entre elas o HPV, Aids, clamídia; sobre gravidez indesejada e também drogas. Entendemos que são temas que têm que estar acompanhados. Não dá para dissociá-los nessa fase de orientação”, alerta.

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