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O pequeno grande vilão Ceratocone

Mas, afinal, o que você precisa saber sobre a doença? Como identificá-la? O afinamento e deformidade da córnea, causados por uma fraqueza em sua estrutura, causam o ceratocone, cada vez mais comum nos consultórios médicos de oftalmologia. A manifestação da doença ocorre em diferentes graus, inclusive na situação denominada de subclínica, ou seja, quando o paciente não apresenta sintomas, permanece com boa visão, mas uma pequena alteração na córnea pode ser detectada.
 
O médico oftalmologista Glauco Mello explica que a alteração dificilmente é corrigida somente com o uso de óculos ou lentes de contato, sendo mais comum a realização de procedimento cirúrgico. “Conforme a doença vai aumentando, passa a serem necessários graus mais elevados de óculos. Em algum momento, os óculos não funcionam mais e a pessoa começa a necessitar de lentes de contato rígidas, e em algumas situações em que a lente não é possível podem ser feitas abordagens cirúrgicas”, esclarece Mello. De acordo com o médico, entre as medidas que podem ser colocadas em prática está o Anel de Ferrara, que se popularizou na década de 90, e o transplante de córnea, que também teve avanços significativos nos últimos anos. 
 
Hoje também é possível tratar o ceratocone com os transplantes chamados lamelares ou parciais. Nesse procedimento, a córnea não é trocada por completo, o que diminui as chances de rejeição e prognóstico. “Nos últimos anos, tanto a parte de prognóstico quanto a de tratamento acabaram avançando bastante e temos várias opções para os pacientes”, relata o oftalmologista. Mello destaca ainda que o ceratocone é uma doença que acontece ou aparece geralmente na adolescência e está muito relacionada a fatores genéticos.
 
Hábito de coçar os olhos pode desencadear a doença
 
Quando a origem não é genética, alguns fatores ambientais e comportamentais, como o hábito de coçar os olhos, podem gerar o ceratocone. O oftalmologista Glauco Mello relata que, no caso dessa doença, a ligação entre as fibras de colágeno da córnea se torna muito frágil. Mello explica que qualquer fator mecânico que aperte a córnea pode desestabilizar sua estrutura e fazer com que ela apresente alguma deformidade, gerando assim o ceratocone. 
 
Além do fator hereditário e do costume de coçar os olhos com frequência, outros hábitos aparentemente simples e inofensivos, como dormir sempre numa mesma posição, também podem ser preponderantes para essa doença. O oftalmologista alerta ainda que fatores como rinite, asma e alergias podem auxiliar na desestabilização da doença. 
 
Mello esclarece que dificilmente o ceratocone é desencadeado devido a algum corpo estranho que venha a cair nos olhos. “Geralmente vai estar associado a situações realmente crônicas, a alguma alergia. A pessoa já tem uma rinite que trata há alguns anos e não há um hábito de todo dia coçar os olhos, mas uma questão crônica, ao longo do tempo”, diz ele. Mello relata ainda que visualmente a deformidade só é visível quando as alterações são muito tardias. 
 
Conhecido por cross linking, um novo tratamento passou a estar disponível recentemente na medicina oftalmológica e tem por objetivo estabilizar o ceratocone. Entretanto, uma boa eficácia é garantida com a detecção precoce por meio do diagnóstico, o que reforça a necessidade de consultas periódicas com o oftalmologista. Mello destaca que, na juventude, a doença tende a avançar mais e o tratamento do cross linking colabora para que a doença se estabilize e para que não evolua para situações mais graves que exijam, por exemplo, o transplante. 
 
Os métodos de tratamento permitem que o paciente tenha uma boa visão mesmo acometido pelo ceratocone. O oftalmologista relata que, nos casos iniciais da doença, até mesmo os óculos podem ser dispensados. “Conforme a doença vai avançando, os óculos podem não funcionar mais e lançamos mão de outros tratamentos, como o transplante”, diz. Porém, em média, menos de 10% dos pacientes com ceratocone precisam de um transplante. “Na maioria dos pacientes conseguimos tratar com medidas menos invasivas”, complementa Mello. 
 
Por meio do procedimento acontece uma ligação química entre as fibras de colágeno, fazendo ligações covalentes entre elas e deixando a córnea mais firme. “A aplicação do raio ultravioleta com essa vitamina resulta nas reações químicas nas fibras de colágeno da córnea, deixando-a mais estável. Tende a não ter mais o deslizamento de fibras que vai aumentando a deformidade. É um tratamento bastante efetivo. Todo o tratamento tem seus riscos, de alguma infecção, mas é bastante raro. Não é um tratamento que envolve riscos maiores”, afirma Mello. Mais grave do que se possa imaginar, caso não haja o tratamento correto, o ceratocone pode levar à perda de visão. Mello explica que a doença pode evoluir para uma condição que se chama hidropisia, que ocorre quando se rompe uma membrana interna da córnea, resultando em uma cicatriz densa no tecido. Segundo o médico, a visão fica muito prejudicada e o paciente acaba tendo que se submeter ao transplante de córnea. “É uma doença limitada à córnea. O ceratocone não tem ligação direta com outra doença do olho. Porém, um transplante de córnea que vem para tratar essa doença e restabelecer a visão pode estar associado a complicações graves, se não for bem conduzido”, diz Mello. 
 
O uso de corticoides para o controle de alergias também pode ser um fator desencadeante do ceratocone. O oftalmologista explica que pacientes que utilizam esses corticoides por conta podem estar contribuindo para o aparecimento de doenças como a catarata, o glaucoma, ou até mesmo a perda irreversível da visão. Entretanto, o ceratocone em geral está restrito à córnea e pode resultar na opacidade total da córnea, exigindo o transplante. 
 
Conheça os principais sintomas
 
A perda da definição, visão embaçada, principalmente no período da noite, em que as luzes tendem a aparecer com halos, são os sintomas mais comuns relacionados ao ceratocone. Entretanto, em quadros iniciais, a pessoa pode não apresentar nenhum sintoma, e a identificação da doença somente é possível através de exames oftalmológicos. “Por isso, é importante fazer o acompanhamento, desde a fase escolar, porque é nessa fase que em muitos casos surge o ceratocone”, diz Mello. 
 
O especialista destaca que a doença acomete os dois olhos, mas pode se manifestar com mais agressividade em um deles. “É comum que um dos olhos não tenha problema e o outro tenha problema mais avançado. Também é muito comum em crianças. Na fase escolar, se a criança está enxergando bem, ela acaba não percebendo e não fazendo o teste. Por isso, é muito importante estar acompanhando, fazendo o exame com o oftalmologista. Ele pode identificar uma pequena alteração de grau, um tipo de astigmatismo diferente. São alguns sinais que ajudam a identificar de maneira precoce para que o tratamento também seja precoce. A doença tem um prognóstico muito melhor se tratada desde o início. Fica mais difícil quando o diagnóstico é tardio”, afirma o médico. 

Importância do teste do olhinho 
 
A Sociedade Brasileira de Pe - diatria (SBP) orienta a realização do teste do olhinho logo após o nasci - mento. Também é importante que uma avaliação preventiva seja rea - lizada a cada dois meses até que a criança complete 2 anos. Após essa idade, deve ser feita uma avaliação anualmente até a fase escolar. “Se a pessoa tiver sinais de muita alergia, de perda da qualidade da visão, pre - cisa procurar um médico imediata - mente. No exame rotineiro, pode - mos identificar casos mais iniciais e adiantar o tratamento sem a necessidade de esperar que apareçam sintomas. 
 
Glauco Mello explica que, em casos iniciais não ocorre grande com - prometimento da vi - são. “Se a doença foi identificada num mo - mento mais tardio, lançamos mão de outros tratamentos, o que pode representar, por exemplo, o uso dos óculos. Depende muito do estágio em que for identi - ficada a doença”, afirma. 
 
Doença atinge uma a cada 500 pessoas
 
Dados científicos apontam que o ceratocone atinge em média uma em cada 500 pessoas. “Uma doença que antes era considerada rara hoje é bastante frequente. Dos meus pacientes de consultório aproximadamente 20% têm ceratocone. É claro que eu atendo córnea, mas é um número bastante expressivo, não é uma doença rara”, pondera o médico. Mello enfatiza que é importante as pessoas fazerem o acompanhamento por se tratar de uma doença que, se diagnosticada precocemente, pode ser estabilizada. Quando identificada mais tarde, o tratamento e a recuperação tornam-se mais difíceis.
 
Por fim, o médico ressalta a importância de o paciente manter o acompanhamento com oftalmologista por meio de visitas e exames periódicos, para obter o diagnóstico precoce. “O ponto principal: não é saudável coçar os olhos, evite coçar. Se tiver dúvida, se estiver coçando muito, procure acompanhamento e busque tratamentos com colírios e outros, que evitem a necessidade de coçar os olhos, já que não é um hábito saudável”, conclui Glauco Mello. Outro médico especialista no assunto é o Dr. Cesar Bressamin. Ele lembra que o ceratocone é uma alteração no formato da córnea que tem causa desconhecida. “O ceratocone é uma patologia relativamente comum, progressiva, bilateral, podendo ser assimétrica, levando a uma alteração no formato, com afinamento localizado e abaulamento anterior central ou periférico inferior, promovendo um aumento na curvatura na região central inferior da córnea”, esclarece. 
 
O especialista relata que fatores genéticos e ambientais participam no surgimento e desenvolvimento da patologia. “Não há um padrão de herança bem definido para o ceratocone, mas estudos sugerem uma herança autossômica dominante com expressão fenotípica variável”, diz. Ele destaca que fatores ambientais como traumatismo corneano crônico, principalmente resultante do ato de coçar os olhos, podem desencadear ou fazer progredir a doença.
 
Bressamin lembra que geralmente os sintomas aparecem durante a puberdade ou no final da adolescência. “É comum se desenvolver na primeira década de vida e evoluir por um período de 5 a 20 anos até os 30 - 40 anos de idade, com tendência a se estabilizar após este período. Em muitos casos pode ser diagnosticado alguns anos após o surgimento da doença, quando progride e passa a interferir na visão do paciente”, afirma o médico. 
 
Entre as vantagens do diagnóstico precoce do ceratocone está o fato de que a visão pode ser corrigida com óculos ou lentes de contato. “Como geralmente apresentam astigmatismo irregular e assimétrico associado a graus mais elevados de miopia, têm menos conforto e resultado visual adequado com os óculos se comparados ao uso de lentes de contato. Atualmente dispomos de um grande portfólio de lentes especiais para a correção visual do paciente com ceratocone. Desde as lentes rígidas gás permeáveis convencionais (esféricas, asféricas, bicurvas, multicurvas, semiesclerais, esclerais e híbridas)”, relata Bressamin.
 
Com a evolução tecnológica, o tratamento do ceratocone pode ser feito através de anéis intraestromais e procedimentos de estabilização da progressão da doença (cross linking). Somente diante do insucesso dessas alternativas clínico-cirúrgicas, estará indicado o transplante de córnea (DALK - Descemet anterior lamellar keratoplasty), atualmente preferido por preservar o endotélio do receptor intacto ou, em alguns casos, o transplante penetrante de córnea para pacientes com sequela de hidropisia aguda e grandes alterações anatômicas (cicatrizes) corneanas. O transplante de córnea tem uma eficácia bastante satisfatória na reabilitação visual dos pacientes”, diz Bressamin. 

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