O oftalmologista relata que o tipo mais comum é o primário de ângulo aberto. “Tem origem genética e pode ser considerado o maior vilão por não apresentar nenhum sintoma”, explica Guedes. “Vai roubando a visão do paciente e, quando se percebem os sinais, isso significa que o glaucoma já está numa fase mais avançada”, completa o médico, ressaltando que o único jeito de detectar precocemente é através da consulta de rotina. “Faz parte da rotina de todo oftalmologista: quando é consulta para óculos, o médico geralmente já mede a pressão, olha o nervo, para tentar descobrir no início. A maioria das pessoas não sabe o que seu tataravô teve, o que os antepassados tiveram”, alerta Guedes. Geralmente mais agudo e mais agressivo, outro tipo de glaucoma, o de ângulo fechado, apresenta sintomas. Os mais comuns são vermelhidão nos olhos e dor de cabeça frontal, na altura da testa. “Geralmente a pressão sobe muito e ele precisa ser tratado rápido, com um risco maior para a visão do paciente. Existem alguns glaucomas secundários. O mais comum é por retinopatia diabética. O paciente tem diabetes por anos, mas, por algum motivo, não cuida, e o diabetes chega aos olhos e vira glaucoma. Esse é um tipo de glaucoma bem mais complicado, porque é o neovascular, bem mais raro”, explica Guedes. O médico fala ainda sobre o glaucoma pigmentar, que chama mais atenção, mas também acomete com mais raridade.
Avanço por etapas
O glaucoma de ângulo fechado geralmente acomete primeiro um dos olhos, resultando em uma forte dor para o paciente, normalmente aguda e com início súbito. “Ele começa a ver as luzes com brilho, com halo, a visão piora, o olho fica vermelho e mais duro. Para promover o diagnóstico, o médico realiza a aferição de pressão digital, com a ponta do dedo. Ao encostar o dedo, o médico pode perceber a diferença de tonos de um olho para o outro”, diz Guedes. Segundo ele, nesse caso a pressão do olho sobe consideravelmente e muitas vezes só encostando no olho é possível perceber se a pressão subiu.
Esse tipo de glaucoma faz com que o paciente apresente sintomas como náusea, enjoo e muita dor de cabeça, podendo até mesmo apresentar episódios de vômito. “Esse é um caso mais extremo. Às vezes o paciente pode ter o glaucoma de ângulo fechado e não ter todos esses sintomas. Mas se perceber o olho vermelho, turvação da visão, é bom procurar um oftalmologista”, orienta.
Conheça as formas de detecção
O glaucoma de ângulo fechado pode ser detectado precocemente se o ângulo iridocornenano, que é o ângulo que fica entre a íris e a córnea, estiver estreito. Esse caso permite ao médico a possibilidade do acompanhamento com as devidas alterações, identificadas com o exame de rotina. “O glaucoma de ângulo aberto, que é o mais comum, não tem nenhum sintoma nas fases iniciais, mas é possível no exame de rotina fazer o diagnóstico, principalmente avaliando o nervo, a pressão e muitas vezes o campo visual”, explica Guedes.
O glaucoma acomete principalmente a faixa etária a partir dos 40 anos, e casos de histórico familiar aumentam as possibilidades do aparecimento da doença. Guedes orienta que pessoas que têm na família o histórico da doença devem fazer essa observação para seu oftalmologista, uma vez que aumentam as chances de se ter um glaucoma de ângulo aberto. Quanto maior a idade, maior a probabilidade do aparecimento da doença.
“Em relação à à idade, também existe o glaucoma congênito, em que o bebê nasce com o glaucoma. É bastante raro, mas pode acontecer”, alerta o oftalmologista. Nos ou tornar necessárias outras cirurgias. de hoje, os exames preventivos conseguem detectar o glaucoma de uma forma bastante precoce. Bons exames estão disponíveis e permitem o diagnóstico precoce para o início de um tratamento mais eficaz. “O tratamento do glaucoma é possível controlando a pressão intraocular, e, com o controle da pressão, conseguimos evitar a progressão”, relata Guedes.
Controle é feito com uso de medicamentos
Entre um e três tipos de colírios podem ser necessários para o controle do glaucoma. Para que a doença não avance, se mantenha estabilizada, o uso deverá ser ininterrupto, sem previsão de data para encerramento do tratamento. Segundo Guedes, mesmo após a realização da cirurgia, é necessário o acompanhamento com o médico oftalmologista.
Guedes destaca que, no caso de glaucomas iniciais, considerados mais leves e bem controlados, duas consultas com o paciente ao ano são suficientes para o controle da doença. “No caso de glaucomas mais avançados, precisamos ver o paciente três, quatro ou até cinco vezes ao ano, mesmo que esteja sob controle. Quando a pressão não está controlada, as visitas precisam ser mais frequentes, em alguns casos até semanalmente. Felizmente, os casos são bem raros”, enfatiza.
Guedes relata que, uma vez controlada a pressão, o tempo de retorno do paciente ao consultório tende a ser maior. “É importante que se tenha esta consciência: de que não é possível fazer regredir a doença. Eu exemplifico que ela só vai para frente, que só temos o freio, mas não temos a marcha à ré. O que a doença andou não conseguimos voltar. Quanto antes conseguirmos frear, melhor”, explica o médico.
Saiba mais sobre as origens do glaucoma
O glaucoma é uma doença que apresenta muitas variedades quanto à sua origem. Alguns estão associados à catarata e também existem aqueles relacionados a uveítes. Retinopatia diabética, uma doença que acomete a retina, e determinadas infecções também podem originar a doença. “O glaucoma pode aumentar o risco de problemas para o olho como um todo, ou necessidade ou tornar necessárias outras cirurgias. Uma pressão não controlada pode descompensar a córnea, podendo trazer outros tipos de prejuízo para os olhos. Mas o principal é que a grande maioria dos glaucomas é genético”, pondera Guedes.
O médico ressalta ainda que determinadas doenças do organismo (como o diabetes, artrites, hipertensão arterial, pressão arterial muito baixa, principalmente no período da noite) ampliam os riscos de o paciente ter um glaucoma. “É importante frisar que o glaucoma não tem nenhum sintoma. Pode haver sinais nos olhos, mas não há sintomas, pois o paciente não sente nada. Nas fases iniciais, a única prevenção é o exame oftalmológico de rotina”, define Guilherme Guedes.
Dra. Leticia Techio, outra especialista em glaucoma, relata que a doença pode ser definida como neuropatia ótica. Ela cita que algumas alterações constatadas no exame, por meio da observação do nervo ótico, são características comuns desse problema na visão, como a escavação do nervo ótico e sangramentos. “Pode ocorrer de várias formas, mas o mais comum é o glaucoma primário de ângulo aberto, ou seja, em que há obstrução para a filtração do líquido do olho dentro do sistema de filtração. Essa região não funciona direito e a pressão do olho começa a ficar um pouco mais alta e vai lesionando o fundo do olho”, explica a médica. Ela também ressalta a grande influência genética nos casos de glaucoma. “Uma pessoa que tem os pais com glaucoma de ângulo aberto tem cinco vezes mais chance de ter glaucoma do que uma pessoa que têm pais que não apresentam essa doença. Então, já sobe a incidência após os 40 anos de 2% para 10%, que é alta”, afirma.
Um fator agravante da situação é que 50% dos pacientes que descobrem que têm a doença já estão com glaucoma avançado. Letícia esclarece que o glaucoma de ângulo aberto não tem sintomas. “Não dói, e a pessoa só começa a perder o campo visual mais ou menos depois que ela perdeu 90% de todos os neurônios da retina. O fechamento ocorre da periferia para o centro, e a pessoa não percebe. Há muitas pessoas que chegam com o campo visual tubular aqui e enxergando 100% ainda”, diz ela, explicando que com o glaucoma existe a impressão de se estar enxergando por dentro de um tubo. “Começam a aparecer umas machas no campo visual que chamamos de estocomas. Isso conseguimos detectar nos exames de campometria”, diz a médica. Ela ressalta que glaucoma é uma das doenças oftalmológicas em que os exames complementares são da maior valia, com grande importância. Quando o paciente se apresenta com sintomas como uma pressão aumentada, é necessário graduar em que estágio a doença se apresenta. “O glaucoma de ângulo fechado ou estreito, esse sim é mais sintomático. O médico consegue detectar a alteração anatômica já no primeiro exame. Tem uma tendência a ter o ângulo estreito, e isso fica logo perceptível em exames complementares”, relata. Segundo a médica, o glaucoma de ângulo fechado ou estreito tem uma morbidade muito alta, elevando consideravelmente a pressão, o que pode gerar graves complicações, inclusive a perda da visão. “Geralmente em casos de glaucoma agudo, a pessoa sente uma dor muito forte, a visão fica nublada e quem olha de fora vê que a pupila está um pouco dilatada”, afirma.
A melhor prevenção é visitar o oftalmologista
Letícia esclarece que todos os tipos de glaucoma permitem prevenção. O glaucoma de ângulo aberto, que é o mais comum, se detectado precocemente, evita que a progressão aconteça. “Nos casos em que já há glaucoma avançado, eu não consigo reverter a situação do nervo óptico, mas eu consigo evitar que a pessoa fique cega. Essa é a segunda maior causa de cegueira no mundo, depois da catarata” alerta a oftalmologista. Ainda sobre a importância dos exames preventivos, a médica destaca que estatísticas apontam que hoje existem mais de um milhão de portadores de glaucoma no Brasil, mas o número pode ser ainda maior levando-se em consideração as pessoas que possuem a doença, entretanto desconhecem por não fazerem os exames rotineiros.
Existem também os casos em que determinadas alterações elevam o risco do aparecimento da doença. “Esses pacientes fazem acompanhamento uma vez por ano com o oftalmologista. Durante a consulta é medida a pressão do olho, pedidos exames para fotografar o nervo óptico, e feito o teste do campo visual. A avaliação anual ocorre para que o paciente não apresente piora e para se observar se o nervo ótico não passou por modificações”, explica a médica. Contudo, ela afirma que, ao ser percebida qualquer alteração, um oftalmologista deve ser procurado para que seja realizado o tratamento, evitando assim a progressão.
A doença pode ter origem genética
Letícia relata que pessoas que têm o glaucoma devem iniciar o acompanhamento dos filhos junto ao oftalmologista desde a primeira infância. “É feito o exame do fundo do olho para ver se há alteração e, se for necessário, é medida a alteração em crianças”, comenta ela.
Ela destaca a existência de outro tipo de glaucoma, conhecido por congênito. Esse caso é mais raro e acontece numa estatística de apenas uma para cada dez mil crianças nascidas vivas. “Ele não é comum, mas é grave, pois a criança já nasce com uma obstrução parcial ou total à filtração e o tratamento é cirúrgico. Muitas vezes os pais não detectam essa alteração no começo e a criança está com uma pressão altíssima”, explana a médica. Ela alerta que, nesses casos, a criança geralmente leva sequelas para a vida inteira e pode, inclusive, perder totalmente a visão. Um ponto positivo nesse caso é a possibilidade da constatação do problema já durante a gestação, através de exames.
A resistência ao tratamento permite avanço do glaucoma
A médica oftalmologista destaca um fator preponderante que permite o avanço do glaucoma. Segundo ela, é muito comum que as pessoas não façam o tratamento adequado, que resistam ao tratamento. “Existe uma orientação para que a pessoa mantenha uma rotina de exames, mas muitos pacientes não voltam no período indicado e, quando o fazem, esse glaucoma já está bastante avançado, já está com uma lesão grande no nervo óptico”, justifica Letícia. Ela enfatiza a possibilidade, com isso, de prever quando começarão a ocorrer as complicações com o glaucoma e mesmo iniciar o tratamento.
A médica diz que muitos pacientes têm uma tendência de não aceitar que têm uma doença de caráter crônico. “A pessoa prefere não ter a doença e ignorar que tem aquela doença. Isso é muito comum na medicina. Ocorre com pacientes que têm pré-diabetes, hipertensão ou qualquer doença crônica. É difícil ter aceitação, mas quando começa a ter sequelas, a pessoa procura o atendimento”. Ela orienta que os pacientes sempre perguntem ao seu oftalmologista como está a pressão do olho. Grande parte dos pacientes vão ao oftalmologista e acabam fazendo um simples exame de óculos.
A médica relata que a principal forma de prevenir a doença é perguntar no consultório sobre a questão da pressão e indagar se pode ter o glaucoma. Orienta ainda que, no caso de pacientes que nada apresentam até os 40 anos de idade, uma ida ao oftalmologista a cada dois anos é o suficiente para ter qualquer detecção relacionada ao glaucoma. No caso de pessoas que têm sintomas suspeitos, a recomendação é de uma vez por ano. “E quando se começa um tratamento, é necessário ir conforme o médico agenda. Nesses casos, é necessário verificar como ficou a pressão do olho e usar colírio até que consiga estabilizar um tratamento que mantenha a pressão ok”, destaca.
No entanto, mesmo que o paciente faça o tratamento adequado, seguindo todas as orientações, é possível que o glaucoma avance. Por ser uma doença neurológica, o controle por completo da visão acaba se tornando complicado. “Por mais que a pressão esteja baixa, pode ser inevitável a progressão. Cerca de 1,2 milhão de neurônios são responsáveis pelo seu campo visual e, quando você descobre o glaucoma, você só tem pouco mais de 200 mil neurônios ali. Cada um desses neurônios é especializado para enxergar”, elucida Letícia.
A perda da visão com o avanço do glaucoma é proporcional. Inicialmente a alteração compreende o nervo ótico, que, quando avançado, altera o campo visual. Ela relata que a cirurgia de catarata impede, embora não seja a finalidade principal, o desenvolvimento do glaucoma. Isso pelo fato de que, nessa cirurgia, é retirado o cristalino, o que, por sua vez, impede o desenvolvimento do glaucoma. Já a situação contrária não surte o mesmo efeito, e a operação do glaucoma pode até aumentar as chances do desenvolvimento da catarata. “Isso porque ocorre uma oxidação que pode causar uma inflamação no olho durante o momento cirúrgico. Com isso, são grandes as chances de os pacientes que operam cirurgia de glaucoma mais cedo também tenderem a ter catarata mais cedo”, relata.
O glaucoma costuma surgir em média após os 45 anos de idade. Contudo, um ponto importante na prevenção é que todas as pessoas visitem o oftalmologista ao menos uma vez por ano. “É uma doença que tem tratamento, mas não tem cura. O tratamento consegue estabilizar o glaucoma principalmente na fase inicial. A prevenção é a consulta de rotina e o próprio paciente perguntar para o médico. Eu sou especialista em glaucoma, então eu vejo o nervo óptico em praticamente todos os pacientes”, diz.
É importante o paciente ter a consciência de que parte principalmente dele, que deve ter a iniciativa de procurar o acompanhamento médico para prevenir o aparecimento e/ou agravamento da doença. “O problema é que o glaucoma é assintomático, é sorrateiro. Ele vai roubando aos poucos a visão. Os pacientes geralmente não conseguem perceber a doença na fase inicial”, conclui Letícia.
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